03/10/2013 às 10h32
TEORIAS PARA A MOTIVAÇÃO

 Por Arthur Diniz

Falar sobre motivação é sempre um grande desafio. Se formos nos basear na semântica, motivação é simplesmente aquilo que motiva pessoas para uma ação. Uma das questões mais polêmicas quando se fala no assunto é se esse motivo vem de dentro de cada um ou se vem do ambiente externo. Pela minha experiência de trabalho acho que a resposta é bem simples: ambos. A motivação pode vir de cada um de nós ou pode também vir dos fatores ambientais. Segundo Chiavenato, Motivação "É tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma, ou, pelo menos, que dá origem a uma propensão a um comportamento específico. Esse impulso pode ser provocado por um estímulo externo e pode também ser gerado internamente nos processos mentais do indivíduo". Concordo inteiramente. Para podermos nos aprofundar um pouco mais na questão torna-se interessante conhecer algumas teorias sobre o tema que mais sucesso tem feito. De todas as teorias que estudei e comparei com a prática, destaco três: a da hierarquia das necessidades de Abraham Maslow, a teoria de Frederic Hezberg que divide os fatores motivacionais entre higiênicos e motivacionais e, finalmente, o conceito DISC, desenvolvido por Marston.

     Hierarquia das necessidades: Comecemos então pela teoria mais famosa, a hierarquia das necessidades. Maslow desenhou uma pirâmide que cria uma hierarquia para as necessidades humanas. Segundo essa teoria, cada degrau da pirâmide corresponde a um tipo de necessidade. Somente após satisfazermos a um nível de necessidade, passamos ao outro. E, cada vez que preenchemos um nível de maneira completa, surgem naturalmente as necessidades do nível seguinte.
-O primeiro nível é o das necessidades fisiológicas. São as necessidades de comer, beber, ter abrigo contra o frio e o calor, de sono, repouso, e até ter relações sexuais. São necessidades que garantem a sobrevivência do indivíduo ou de sua espécie. Quando alguma dessas necessidades não está satisfeita, ela domina a direção do comportamento da pessoa. Ou seja, enquanto estou passando fome, não sinto necessidade de me realizar, por exemplo.
-O segundo nível é o da segurança. São as necessidades relacionadas com a proteção física, levando o indivíduo a se proteger de qualquer perigo real ou imaginário, físico ou abstrato. Surgem quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas.
-O próximo nível é o das necessidades sociais. Estão relacionadas à ambição das pessoas de pertencer a grupos. Todos são assim, precisam se sentir pertencentes a um conjunto de pessoas que os aceitem como são e que compartilham alguns valores, ideias ou ideais. Quando não estão suficientemente satisfeitas, as pessoas tornam-se resistentes, antagônicas e hostis com relação às pessoas que a cercam.

     A seguir vem o nível das necessidades de estima. São sentimentos que cada um tem por outras pessoas e pelos sentimentos que é capaz de provocar nelas a seu respeito. Todos precisam se sentir queridos de alguma forma. Por último vêm as necessidades de autorrealização. São as necessidades que levam cada pessoa a tentar realizar seu próprio potencial e se desenvolver continuamente ao longo da vida. É a busca por fazer a diferença e realizar sua missão no mundo. É quando as pessoas querem fazer parte de algo maior que simplesmente ganhar dinheiro. A teoria de Maslow nos traz grandes contribuições para entender a motivação no dia a dia. Fica claro para mim, por exemplo, porque o trabalho de Coaching tem mais impacto em profissionais que já estão em níveis mais elevados em suas carreiras. Isso ocorre porque o Coaching busca ajudar as pessoas a encontrar respostas sobre o que as deixará realizadas. Trabalha fortemente no nível mais alto da pirâmide. Quando as pessoas ainda não supriram suas necessidades mais básicas, dificilmente vão se preocupar com realização pessoal. O importante é o "leite das crianças".

    Fatores Higiênicos X Fatores Motivacionais
Segundo Frederic Hersberg, a motivação das pessoas depende basicamente de dois fatores: fatores higiênicos e fatores motivacionais. Os fatores higiênicos ou fatores de manutenção são aqueles que as pessoas devem receber das empresas como um mínimo para que se esforcem no trabalho. Incluem
- Condições de trabalho e conforto.
- Políticas da organização e administração.
- Benefícios.
- Salários.
- Segurança no cargo.

    Hezsberg concluiu que, depois que esses fatores são satisfeitos, não adianta tentar aumentar um deles pra conseguir maior motivação dos profissionais. A expressão higiene serve exatamente para refletir seu caráter preventivo e para mostrar que se destinam simplesmente a evitar fontes de insatisfação. Ninguém vai trabalhar com mais afinco porque uma empresa decide incluir um plano odontológico como benefício adicional, por exemplo. Entretanto, se as pessoas não estiverem satisfeitas com alguns desses fatores, elas não vão se esforçar muito. Como conclui Chiavenato no seu livro "Recursos Humanos", os fatores higiênicos não conseguem elevar substancial e duradouramente a satisfação. Porém, quando são precários, provocam insatisfação.
Já os fatores motivacionais operam de maneira diferente. Eles incluem:
- Reconhecimento.
- Oportunidades de crescimento.
- Delegação de responsabilidades.
- Autonomia.
- Promoção.
- Uso pleno das habilidades pessoais.
- Estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles.
- Possibilidade de realização.

    Esses fatores são aqueles que podem realmente motivar as pessoas a trabalhar com afinco e dedicação. Diversos levantamentos feitos por revistas e empresas especializadas mostram que essa conclusão faz sentido. Não adianta pensar que pagar mais e dar benefícios serão suficientes para ter profissionais altamente motivados. É incrível que muitas empresas e líderes não consigam ver isso com clareza. E muitos que veem, não colocam em prática. Eu pergunto: o que é mais difícil de fazer? Dar bônus e punir erros é muito mais fácil do que reconhecer, treinar e servir para atingir outros níveis de inspiração.
 

O conceito DISC: No início do século XX, o psicólogo William Marston constatou que todos os estudos da mente realizados estavam voltados para o conhecimento da mente doente. Resolveu, então, estudar as pessoas normais e lançou, em 1928, o livro Emotions of normal people (Emoções das pessoas normais). Ele dividiu as pessoas baseando-se em dois vetores,

 

conforme vemos no gráfico abaixo. No eixo horizontal temos de um lado pessoas ativas e do outro, pessoas mais passivas. Já no eixo vertical temos de um lado pessoas que veem o mundo de forma antagônica e do outro, pessoas que veem as situações de forma mais otimista e amigável. Com isso formamos os quatro perfis básicos de comportamento: dominância, influência, conformidade e estabilidade.


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